terça-feira, 25 de outubro de 2016

Amando ser amadora

Caras leitoras (e eventuais leitores),

Iniciei um novo projeto e estou me aventurando pelos ares do YouTube. Ainda é tudo muito novo e estou apenas engatinhando nesta nova seara digital, mas, como tudo na vida, é praticando que a gente aprende.

Agradeço a visita dos que forem lá dar uma olhadinha.



Beijos, Cristine Cabral



sábado, 11 de junho de 2016

"Mãe, tem um menino apaixonado por mim."



E eis que aos 6 anos de idade a rotina da minha filha passa a ser alterada pela "paixão" de um menino.
Não estou preocupada, nem com ciúmes, mas como não deixo nada passar sem antes analisar sob alguns aspectos, vamos lá:
- Mãe, o menino do 1o. ano F passa o recreio me seguindo, o tempo todo me olhando e eu não gosto disso.
Como não há qualquer invasão do espaço dela, não vou tomar qualquer atitude, as vivências são mais pedagógicas do que qualquer lição. E não há qualquer necessidade (até o momento) de "salvar" minha filha.
A primeira coisa que me veio a cabeça foi que algum adulto deve ter dito "Se você gosta dela, vai atrás." Se não disseram diretamente para ele, é muito provável que tenha ouvido essa frase na fala dos adultos, se referindo como a forma como os homens devem se comportar quando gostam de alguma mulher. Porém o pensamento de crianças nessa fase é puramente concreto, logo, "ir atrás" foi entendido de forma literal e assim ele passou a segui-la durante o recreio.
O que respondi ao comentário dela foi:
- O que você pode fazer é ir falar com ele e pedir por favor que pare de lhe seguir porque você não gosta.
O que ela fez no outro dia, mas que semanas depois ela veio me dizer que não adiantou nada, que onde ela está ele fica por perto, sempre olhando para ela.
Em tempos de debates sobre "Cultura do Estupro" (não entrarei nesse mérito aqui) fico pensando sobre as diferenças na educação com foco nas diferenças de gênero. 
Ao mesmo tempo em que esse menino se comporta assim com a minha filha, três amiguinhas dela estão "apaixonadas", mas o comportamento delas é de querer manter segredo e continuam tratando seus "amores" da mesma forma que tratam todos os outros amigos.
Não acredito na ideia de que tais comportamentos são inerentes ou instintivos de cada gênero, acredito que são reprodução da cultura na qual estas crianças estão sendo educadas. Por isso que dedico tanto tempo em observar e analisar cada pequeno comportamento.
Na prática não farei nada, mas não custa deixar o alerta aqui. Principalmente para as mães de meninos, para que procurem educá-los com menos machismo, que caso eles gostem de alguma menina, não digam "Vá atrás", digam "Converse com ela e veja se ela sente o mesmo." Mesmo por que imagino que não deva ser legal para esse menininho gostar da minha filha, admirá-la tanto e não ser correspondido. Já seria tempo de ele aprender que quando uma menina diz não, significa que ela não gosta dele, pelo menos não na mesma intensidade. Com uma conversa ele poderia encerrar essa "conquista" e se conformar e passar para uma outra possibilidade e quem sabe ser correspondido. Diminuiria o sofrimento dele e o incômodo dela.
Particularmente não gosto dessa conversa de namoro nessa fase. Embora sabia que é algo puro e inocente, encaro como sofrimento desnecessário para a idade. Pois quando se tem 6 anos, dificilmente alguém tem a sorte de gostar de alguém da mesma forma e intensidade, principalmente dentro de uma cultura onde meninos e meninas são educados de formas tão diferentes. 
A minha fala aqui em casa é "Criança não namora." Vejo isso também como prevenção contra pedófilos que muitas vezes seduzem se dizendo namorados apaixonados.
Por fim o que posso dizer é que é preciso ter tempo para ouvir o que suas crianças têm a dizer. É preciso atenção para o que se passa na vidinha deles. Pois o que parece bobagem para um adulto, pode ser a coisa mais importante que está acontecendo com eles no momento. E a forma como eles lidarão, poderá ser determinante para decisões futuras, quando a coisa for realmente "pra valer".

Cristine Cabral

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Vamos falar sobre sexo

Não consigo entender porque qualquer coisa relacionada a sexo ganha uma proporção tão grande, já que é algo que todo mundo faz...

Com amor, ou sem amor, mas faz.
Antes ou depois do casamento, mas faz. 
Com uma única pessoa a vida inteira, ou com várias na mesma semana, mas faz. 
Com alguém do sexo oposto, ou alguém do mesmo sexo, mas faz. 
Com o intuito único e exclusivo para reprodução, ou por pura diversão, mas faz.

Exceto celibatários, monges e pessoas assexuadas, todo mundo faz.

Sexo é uma função biológica cuja relevância é muito individual. Para algumas pessoas é a melhor coisa da vida, para outras não tem nenhuma importância. E mesmo essas que não dão importância têm formas diferentes de lidar. Lembro de ter visto em um filme, há muito tempo, que tinha o diálogo de uma prostituta com um padre que ela dizia: “Sexo tem o mesmo significado para nós dois, é algo sem importância, tanto que você passa a vida sem fazer com ninguém e eu faço com qualquer um.”


Então porque falar para as crianças sobre isso é o fim do mundo? Respostas possíveis:

- Porque ainda está muito cedo. Baseado em quê se calcula que é cedo? A minha referência é a curiosidade da criança. Se ela pergunta é porque já está na hora de saber. Claro que fazendo as devidas adaptações de linguagem e passando o conteúdo aos poucos. Minha filha acabou de fazer 6 anos, mas ela sabe que ela saiu da minha barriga por um corte, mas que tem outros bebês que saem pelo “pipi”. Que nos dias em que estou mais impaciente é porque está perto do “sangue do pipi” chegar.

Quando minha filha me pediu uma irmã, tive que explicar que era muito complicado, pois eu e o pai dela somos separados. Que os amiguinhos da escola estavam ganhando irmãos, porque os pais continuavam casados. Que para que ela tivesse uma irmã, primeiro a mamãe tinha que ter um namorado, para depois fazer um bebê com ele. Mas se o pai dela encontrasse uma namorada e tivesse um bebê com ela, esse bebê também seria irmã.

Muita coisa já foi explicado, apenas a anatomia do ato sexual ainda não foi informado. E só não expliquei porque ela não perguntou. (Isso vale também para explicar às crianças sobre homossexualidade, não precisa entrar na questão anatônica, basta falar em namoro, em amor que elas entendem muito mais fácil que muitos adultos preconceituosos)


- Porque se explicar, vai influenciar. Bom, deixa eu te contar uma coisa: sua criança já está sendo influenciada o tempo inteiro. Olhe os outdoors no caminho de casa para a escola, escute com atenção as letras de música, que mesmo que você cuide que não toque em casa, mas que tios e primos mais velhos escutam, que o vizinho ouve, se atente para novelas, comerciais, vídeo clipes, etc. A erotização está por toda parte e é usada e abusada pelo marketing, da venda de biquínis, a venda de carros. E não adianta tentar proteger seu filho do mundo. É preciso ensiná-lo a viver nesse mundo.

- Porque criança pequena sabendo sobre tudo desestabiliza a família. De todas as possíveis respostas essa é a mais insana. O que desestabiliza família é a mentira e traição (e não estou falando só entre os pais, mentir para os filhos também é muito sério). É uma geração tentar impor sua forma de ver e viver a vida a outra geração (tanto a anterior, quanto a posterior) sem o devido respeito. É desrespeitar e isolar um membro da família por ser homossexual.


A melhor prevenção é a educação e a informação. Se você não fala sobre sexo com seu filho, alguém vai falar. E você vai perder a oportunidade de repassar os valores morais que espera que ele tenha. Para as pessoas mais religiosas, vai perder a oportunidade de passar os dogmas da sua religião. Vai deixar de alertar para os riscos de doenças e de gravidez indesejada. Vai deixar de ser a referência de fonte de sabedoria e conhecimento.


E por último e mais sério de todos: quanto mais ingênua é uma criança, mais fácil ser vítima de um pedófilo. Na postagem Projeta seus filhos há um texto, cujo autor nunca consegui a referência (se souber deixe nos comentários), com dicas importantíssimas. Uma leitura obrigatória.

Feliz 2016!

Cristine Cabral

Para continuar lendo sobre Educação Sexual:



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

As meninas e o sexo

Minha filha é uma criança linda, não só aos meus olhos, pois sempre recebo elogios a sua beleza, inclusive com a frase "Eita, que quando ela for adolescente vai te dar trabalho... te prepara!" Frase comum, mas que me incomoda. E assim como tudo que me incomoda, parei para pensar de onde vem o incomodo...
Quando os meninos que são bonitos, essa frase não aparece. No máximo quando se pensa na adolescência dele o comentário é tipo "Vai ser o terror da menininhas!" Ou é a própria mãe admitindo que não quer nem imaginar como vai ser quando ele começar a namorar (já eu fico imaginando a sogra terrível que ela se tornará), que não quer nem pensar...

Pois eu penso! Embora não construa sonhos, nem gere expectativas. Minha filha é um ser humano com gostos diferentes do meu, que vai viver a adolescência dela em um mundo diferente do que eu vivi a minha, que vai sofrer influências diversas, além da educação que dou em casa e muitas outras coisas.

Por que ela me daria trabalho quando for adolescente? Só porque ela vai querer ter uma vida sexualmente ativa? Só porque a beleza dela irá despertar interesse nos meninos e em algumas meninas também? Eu só terei trabalho se for tentar evitar o inevitável: ela fazer sexo.

Lembro que há 25 anos atrás a minha geração foi o primeira a "ficar". Embora acredite que o "fenômeno" já devia acontecer antes, mas a minha geração foi a primeira a assumir o comportamento de beijar primeiro, perguntar o nome depois; a beijar alguém numa noite sabendo que no dia seguinte não haveria qualquer compromisso entre os dois "beijantes", a não ser o de repetir, caso tivesse sido interessante para ambos. Que problema era explicar isso para as mães!!! E para as avós??? Muitas achavam o "cúmulo do descaramento". Quantas de nós casou virgem? Quantas de nós casou com com o primeiro e único parceiro? Quantas de nós casou?

Cabe a mim, como mãe, alertá-la para as consequências de uma vida sexual ativa. Instruí-la quanto aos riscos de uma gravidez precoce, quanto a doenças sexualmente transmissíveis, que existem meninos que mentem só para conseguir sexo, assim como existem meninos que se apaixonam loucamente, tanto que podem se tornar inconvenientes. Que camisinha deve ser usada SEMPRE, mesmo depois de casada, pois traições são fatos (perdoáveis ou não) e com elas podem vir as DST's. Que sexo é algo muito bom, mas que exige responsabilidade. Que pode ser feito sem amor, mas com amor é muito melhor. Que príncipe encantado não existe, mas que existem caras legais cujos defeitos não serão problemas aos olhos dela. Que as mulheres têm tanto direito sobre seus corpos quanto os homens, mas que ainda tem gente que acha errado uma mulher ter tido vários parceiros, que "no meu tempo" se dizia que era "rodada" (espero sinceramente que esse termo seja esquecido nos próximos 10 anos).

Não sei que caminho ela irá escolher. Não sei se ela vai gostar de meninos, ou de meninas, ou dos dois. Não sei se ela será romântica para esperar se entregar a um grande amor. Não sei se ela será uma "feminist bitch". Só sei que estarei sempre a apoiá-la. Sem qualquer tristeza pelo fato "meu bebê" (já não uso essa expressão há anos, a não ser para implicar com ela :) ) estar se tornando uma mulher independente. Sei que vou estar disponível para dar colo quando a primeira desilusão amorosa vier... sem essa conversa de "Isso é besteira, você é muito nova para saber o que é o amor, você tem mais é que se dedicar aos estudos."

Quem estiver lendo isso pode até não concordar com a minha postura e não ouso dizer que é a coisa certa a fazer. O que exponho aqui é apenas a MINHA forma de ver o mundo e a vida... a minha forma de educar minha filha.

Não quero ser uma mãe necessária. Se eu sou necessária é porque ela ainda é dependente. Ela só aprenderá a voar com as próprias asas se eu der espaço. Sei que ela irá cair. Sei que irá doer (nela e em mim). Mas o erro faz parte da aprendizagem. A dor e o sofrimento fazem parte da vida (da dela e da minha) e quanto mais cedo a gente aprende a lidar com eles, menos a gente adquire cicatrizes emocionais. 

A palavra chave é RESILIÊNCIA, mas isso é assunto para um outro post.

Cristine Cabral

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Boa Mãe...



Conversando com algumas amigas recentemente falei para uma delas: "Mas eu não sou uma mãe boa". Ela estranhou, claro! Como poderia dizer isso de mim mesma? Tentei explicar da mesma forma que tentarei fazer aqui.
Na realidade sou uma boa mãe, sei disso. Mas, não sou uma mãe boa. E isso me é dito por pessoas diferentes (amigos, marido pediatra, professora, tia, etc.) de diversas formas, às vezes em tom de brincadeira, às vezes em tom de ironia, às vezes sério....Mas, então que tipo de mãe eu sou?...
Eu sou uma mãe que ensinou desde o primeiro dia o filho a dormir sozinho no quarto dele. Sou uma mãe que não pegou no colo o filho imediatamente- nem da primeira vez que ele chorou na maternidade,  nem até o momento. Sempre, espero para reconhecer que tipo de choro é, e se for de manha... realmente “des-sensibilizo” ele, ou seja, não o pego no colo, e aguardo até ele parar para lhe dar atenção ou colocar no colo.
Sou uma mãe que ensinou o filho a dormir sozinho no berço e não no colo. E posso dizer que apesar de ser muito bom. Vez ou outra- quando não estamos em casa e com seu berço ou cama a disposição- fico pensando que teria sido útil nesses momentos tê-lo ensinado a dormir também no colo de mãe ou pai...Mas, depois penso que fiz realmente o melhor.
Eu sou uma mãe que tirou a mamadeira do filho e o deixou com o copo de transição para tomar leite, quando ele tinha um ano e três meses. Suco e água ele já tomava no copo há tempos que nem lembro....
Eu sou uma mãe que pouquíssimas vezes- não chega a completar os dedos de uma mão- levou o filho para o próprio quarto e o fez dormir com ela e o marido. Talvez, pelo fato de que apesar do aconchego de pai e de mãe, tanto ele quanto nós dormimos melhor cada um em seu quarto- afinal foi assim que acostumamos desde o primeiro dia- e talvez por ele ter a certeza de que em muitos outros momentos podemos ficar aconchegados que não aquele...
Eu sou uma mãe que não corre para segurar o filho quando ele cai, espera primeiro para ver qual vai ser a reação dele.
Eu sou uma mãe que deixa o filho no berço sozinho, brincando, e vai tomar um banho tranquilo, pois sei que ele estará seguro ainda que sozinho.
Eu sou uma mãe que nunca deu a comida muito “mastigada para o filho”. Lembro da minha mãe ver meu filho comer banana aos pedaços e ficar horrorizada, afirmando com veemência que eu teria que amassar se não ele iria engasgar....Não adiantou eu explicar que ele foi aprendendo a mastigar desde que iniciou a alimentação complementar e que não iria engasgar pois sabia mastigar....Recebi um baita discurso e depois mais uma vez a frase “Você é uma mãe ruim”.
Enfim, o que quero dizer é que realmente desde que meu filho nasceu incentivo ao máximo sua independência e autonomia, porque sei como profissional, como ser humano e hoje também como mãe que isso é o melhor para ele. É claro, que não é fácil. É claro que ouço muitas críticas e também recebo muitos olhares admirados como se nem eu nem meu filho fôssemos desse planeta.  E sim, às vezes, tenho em mim o desejo que ele fosse mais dependente um pouco, me pedisse mais colo...Mas, depois esse meu desejo passa....Principalmente quando o vejo ganhando mais autonomia e confiança. E, principalmente, percebendo que ele está sabendo discernir que para o mais importante, para o que mais precisar, sempre terá  o meu colo.
Então, já estou quase acostumada com a frase “Você não é uma boa mãe”. E, em certa medida, a aceito, pois realmente sou uma mãe mais dura, mais firme, uma mãe que é capaz de ouvir o filho chorar por quase 10 minutos e esperar do outro lado do porta, com o coração na mão, para ver se ele consegue se acalmar sozinho.... o que talvez não me qualifique como uma mãe boa...Mas, tenho certeza de que sou uma boa mãe. Afinal, todas nós somos as melhores mães que nossos filhos poderiam ter, sejamos mães boas (mais sensíveis, ou apegadas ou seja como for) ou mais duras e firmes....Somos boas mães.
Não existe um único tipo de maternidade, nem um único tipo de criança. Contudo, você e eu somos as melhores mães que nossos filhos podem ter, pois somos suas mães.Por isso, posso dizer que não sou uma mãe boa, mas sim sou uma boa mãe.

Vanessa Nascimento