terça-feira, 14 de maio de 2013

Mamãe, eu quero...

Antes fosse mamar... Atividade que cumpria com o maior prazer, uma das melhores sensações que já tive na vida.

Agora, aos 3 anos e meio, tudo que vê quer. E olha que ela praticamente não é exposta a comerciais infantis. O canal que ela passa mais tempo assistindo é a TV Cultura, pois não tenho tv a cabo e neste canal passa as animações preferidas por ela. (Peixonalta, Dora Aventureira, Cocoricó, Sid, o Cientista). O programa que assistimos é o Quintal da Cultura, onde os apresentadores nunca aparecem com "recadinhos" no meio do programa e estão ajudando até a diminuir o medo dela por palhaços.

Mas meu objetivo hoje não é falar sobre mídia, ou consumo e sim de individualidade.

 Mesmo não tendo tanto acesso às campanhas publicitárias, ela tem várias amiguinhas e sempre aparece frases como: "A Maria e a Lara fazem balé." "A Jamile tem uma Baby Alive." A Bruna teve um aniversário de princesa." Minha resposta para todas as frases desse tipo é sempre a mesma: "Sua amiguinha é uma pessoa diferente de você, que tem uma mãe diferente, uma família diferente." Claro que com um tom de voz bem maternal.

Alguém pode está pensando, mas assim ela não vai ficar excluída? O que pretendo é ensinar a diferença entre individualidade e individualismo. Evitar a regra do "todo mundo..."

Muitas mães de adolescentes detestam quando os filhos vêm pedir para fazer ou ter algo com o argumento do "Mas todo mundo vai (ou já tem)." Porém o que poucas lembram é que a é que a lei do "todo mundo" foi introjetada nos primeiro anos de vida com frases: "Senta menino, não está vendo que está todo mundo sentado?!" ou "Deixa de choro. Vocês está vendo algum amiguinho chorando?" O ideal seria dizer: "Sente-se que assim a gente consegue ver melhor o que está acontecendo e sem incomodar as pessoas." ou "Qual o motivo para tanto choro?" Ou seja, passar valores sociais como respeito às pessoas em volta, ou atenção particular ao que se passa com a criança naquela situação.

Cada pessoa é um ser único, cheio de qualidade e também de pontos que precisam ser melhorados. (Não gosto de usar o termo "defeito", parece algo que está quebrado e sem conserto, ou algo mal feito) Cada um com seus gostos, valores e preferências.

Se ensinamos nossos filhos que eles têm direito à individualidade, também estamos ensinando a respeitar a individualidade dos outros. 

As crianças naturalmente fazem amizades em questão de poucos minutos e normalmente não reparam nas diferenças sociais, ou físicas. Sua aceitação é incondicional. Mas esta, com o passar do tempo, vai sendo extinta. Os adultos antes de qualquer contato social, meio que avaliam o outro por meio de suas roupas, comportamento, deficiências, etc. É preciso conseguir identificar algo em comum com a outra pessoa para saber se "vale a pena" o contato, algum tipo de interesse. Assim muitas pessoas vivem numa eterna corrida para se tornarem "interessantes", uma eterna busca por status, para que o seu devido "valor" seja reconhecido pelos outros à sua volta.

Não preciso temer que a minha filha seja excluída por não ter os mesmos brinquedos. Pelo menos não nesta fase da vida dela. Até valorizo a questão da diversidade de brinquedos, pois se uma tem os que ela não tem e ela tem o que as outras não tem, juntando, a diversidade é bem maior e todas têm mais acesso a brinquedos diferentes. E ainda ensinamos a importância de compartilhar.

Quero ensinar a minha filha a importância do SER... ser amiga, ser gentil, ser disponível a ajudar e assim conseguir TER o que é mais importante: ter amigos fieis e desinteressados, ter respeito a todas as diferenças, ter uma vida feliz de fato. Uma felicidade que independe das coisas, uma felicidade verdadeira. Pois como já dizia Carlos Drummond de Andrade:

"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade"

Cristine Cabral

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