terça-feira, 27 de novembro de 2012

Uma estranha no ninho

Quem pensa diferente da maioria das pessoas ou vive se justificando, ou permite que os outros pensem o que quiserem pensar... eu faço parte do segundo grupo.

A forma como eu penso e faço algumas coisas dá margem à várias interpretações (erradas, na maioria das vezes). As vezes nem minha mãe, ou a Taciana entendem. Esta quando não entende, não me julga, fala o que ela sentiu sobre a tal coisa e me pergunta o que há. E o mais importante: escuta. Pois esse é o problema de quem vive se justificando... dependendo do ouvinte a justificativa não surtirá qualquer efeito... Ela pode até não aceitar, ou não concordar com o meu ponto de vista, mas entende e respeita... e por isso somos amigas a mais de 20 anos.

Vou colocar dois exemplos significativos:

Várias vezes, em contextos diferentes, já mencionei que considero a possibilidade de a Nadine vir a estudar em uma escola pública. Os "julgadores de plantão" logo me "crucificam", mas eu já estou acostumada. Vou explicar aqui, não para me justificar, mas por estar dando um exemplo e mostrando que não existe só um caminho a seguir.

Quando eu falo isso é algo somente para quando ela tiver mais de 14 anos, com alguma maturidade para analisar as consequências e quando eu tiver segurança que independente do meio em que ela se encontre, vai saber fazer as escolhas certas. Como já expliquei nos posts Sonhos de Mãe e Seu filho não é seu! tenho minha cabeça aberta para toda e qualquer escolha que a Nadine venha a fazer no nível profissional. Pode ser que ela venha a ter talento para artes ou esportes. Alguém já deve estar pensando "mas educação vem sempre em primeiro lugar!" e concordo plenamente com a frase, só não concordo que educação seja só o conteúdo que a escola passa, educação é muito, muito mais. 

Bom, mas voltando às possibilidades... pode ser que aos 14, 15 anos ela resolva que quer trabalhar e legalmente isso é possível por meio da Lei do Jovem Aprendiz. E estudando em escola pública há mais chances, pois aqui no caso o preconceito é inverso "Filhinho de papai de escola particular não vai ter disposição pra trabalhar direito". Falo como profissional que fazia Recrutamento e Seleção e que dava aulas aos jovens. E posso afirmar com toda certeza, alguns daqueles meninos tem características que nenhuma escola particular vai ensinar... suas realidades, suas necessidades, os tornaram jovens determinados, dispostos, de bom caráter. São meninos e meninas que estudam de verdade na escola, que fazem o curso (obrigatório por lei para poder ser Aprendiz) e têm seus turnos de trabalho. Então quando olho para alunos de escola pública não vejo só "essa gente" que algumas mães têm medo de "misturar" seus filhos. Para os "julgadores de plantão" é mais fácil achar que eu sou uma mãe desinteressada no desenvolvimento da minha filha, ou mesmo preguiçosa, que não quer trabalhar e fazer sacrifícios pra dar "tudo do bom e do melhor".

Só ressaltando: o que escrevi é algo que PODE ser... que não sei se VAI acontecer... são só possibilidades.

Outra situação melindrosa é o fato de eu me dar bem com o pai da minha filha. Acredito que deva haver até especulações que ainda estamos juntos... Como eu disse lá em cima: não me importo com o que pensam.

Mas então vem a exclamação: "Mas isso não é normal!" ... é... infelizmente não é normal. O normal é ver pais separados e que não podem ficar no mesmo ambiente, é haver desconforto, ou mesmo brigas e acusações e as crianças no meio... é normal noivas terem problemas para arrumar o altar já que pai e mãe não ficam no mesmo ambiente, é normal crianças ouvirem as mães nunca falarem o nome do pai e sim "aquele traste", é normal as crianças serem usadas para tentar atrapalhar o novo relacionamento do ex.

Eu não quero essa "normalidade" para mim, nem para a minha filha. Não adianta ficar pensando "E se eu tivesse feito isso?", ou "E se ele não tivesse feito aquilo?" O que passou, passou! O passado fica no passado. Perdoar não é esquecer. É simplesmente seguir em frente... 

Felizmente, no que diz respeito à tarefa de ser pai não tenho queixas. Ele é atencioso, cuidadoso, responsável. O que foi ruim pode até ter sido bem maior do que o que foi bom (tanto que acabou.)... mas não apaga o que foi bom. As características que eu vi e gostei antes de casar ainda estão lá. Mas então deve estar se perguntando: "Se está tudo tão bem, por que não voltar?" :) 

Para evitar mais especulações esclareço: Por que a confiança acabou. Nunca fui ciumenta... não tenho paciência para ficar fiscalizando, procurando falhas, imaginando "será que ele está fazendo o que disse que ia estar fazendo?" Então se é para estar sempre desconfiada, sempre com sentimento de "que pode ser que..." estar fazendo acusações, que poderiam ou não serem verdadeiras... prefiro a paz de espírito da convivência amigável e esta cooooom muita certeza é bem mais saudável para a minha pequena. 

Não é fácil conviver com julgamentos e críticas, veladas ou escancaradas... mas eu continuo fazendo o que acho que seja melhor para mim e para minha filha. Sigo meu coração, sigo as teorias psicológicas nas quais acredito... com equilíbrio vou construindo a minha felicidade e da minha pequena (enquanto ela não souber fazer isso sozinha)

Então é isso... resumindo: Eu NÃO sou normal! :)

Cristine Cabral

terça-feira, 20 de novembro de 2012

“Ouwnnn... o 'bichinho'...”


Aqui no Ceará essa expressão é algo equivalente a: “Ouw o pobrezinho”, “o coitadinho”, etc... e confesso que me “dá nos nervos.”

Pensei neste assunto na sexta-feira a noite quando o seguinte fato foi relatado pela minha pequena:

Nadine levou uma boneca para a escola, mas não quis emprestar pra amiga que ficou chateada e disse que não queria mais ser amiga da Nadine que ficou triste por "perder" a amiga.

Depois de eu conversar e explicar que os amigos as vezes ficam chateados com a gente, mas que dá pra fazer as pazes, desde que ambos saibam compartilhar suas coisas.


Solução encontrada pela Nadine:
- Então vou chamar a Maria Luiza aqui em casa pra ela brincar com todos os meus brinquedos. 



Do episódio relatado, embora a lição sobre compartilhar os brinquedos seja importante, não foi a que mais me chamou atenção. E sim a questão do sentimento. 

Não foi assim "de pronto" que ela contou a história... Ela começou com uma carinha triste e a frase: "A Maria Luiza nem que mais ser minha amiga". Coube a mim investigar e entender o que tinha acontecido.

Se para muitos adultos não é fácil entender quando alguém diz que não quer ser seu amigo (mesmo que esse comunicação seja por meio de atitudes, e não verbal) imagine para uma pessoinha que acabou de fazer 3 anos?

Por favor não me venham com um: Ouw... a bichinha... Claro que nenhuma mãe quer que seu filho sofra nem fisicamente e nem emocionalmente, mas essas vivências são necessárias para o desenvolvimento do pequeno como ser humano.

Muitas vezes vejo mães tomando à frente e resolvendo os conflitos de relacionamento naturais entre as crianças, como por exemplo uma disputa por um brinquedo. Para que o “bichinho” não sofra a mãe vai lá e resolve por ele. Assim muitas crianças estão crescendo sem terem conhecimento do que é frustração, desapontamento, tristeza, melancolia. (Por sinal conheço alguns adultos que não sabem a diferença entre os 4 sentimentos que escrevi, nomeiam todos como “depressão”).

No entanto essa “proteção” toda acaba sendo mais prejudicial para a própria criança. O mundo não acha que ele é um “coitadinho”, as pessoas não vão tratá-lo como “o bichinho”.

Como atendo mães de diversas classes sociais e níveis de escolaridade gosto de ilustrar essa situação como o seguinte exemplo:

Imagine que você tem que aprender a lavar roupa, para começar você lava primeiro as peças íntimas (menores e com tecidos mais finos), depois passa para as camisetas, shorts, etc. Assim gradativamente você vai aprendendo a lidar com as dificuldades que vão surgindo.
Agora imagine que sua mãe não deixou que você lavasse nada, para que você não sofresse. O problema é que quando você cresce a vida exige que você saiba “lavar” e você vai ter que aprender começando por uma cortina de 2 metros (ou uma rede, pra quem é nordestino).


Se sempre que seu filho discute com um amiguinho, você vai lá interceder por ele, negociar no lugar dele, como ele vai lidar com a frustração de receber um fora da namorada, ou for demitido de um emprego? Certamente irá ser uma dor bem maior, já que ele nunca teve a oportunidade de senti-la numa gradação menor. É como dar uma "vacina"... a injeção dói (as vezes mais na mãe que na criança), mas a mãe sabe que é para o bem do seu pequeno.


Ah!...Voltando à história da Nadine na segunda-feira elas não mais se lembravam que estavam "de mal" e continuaram amigas :)

Cristine Cabral

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Travou...




"Esta mensagem de erro normalmente é causada por uma operação ilegal gerada por um processo que por algum motivo perdeu os dados ou o endereço de memória onde estavam guardados os dados. O sistema tenta aceder a esta informação, que é necessária para a continuidade do processo, mas que simplesmente não existe ou não é encontrada, fazendo com que gere um erro.

Por vezes a zona de memória onde está a informação foi utilizada por outro processo ou driver e quando o sistema tenta aceder essa mesma zona, encontra a informação errada." 

Não... não mudamos o tema do blog. Não nos tornamos um blog sobre Tecnologia da Informação. 

É que na hora de escrever hoje, foi assim que me senti... Travou! Deu erro na memória devido ao excesso de informação... Lista de compras da semana, Psicologia Social Crítica, Cardápio do dia com o que ainda tem, Habermas, Lista de comprar para o aniversário da pequena na escola, Teoria Crítica, Administração do Tempo, Crítica ao consumismo desenfreado, Problemas de outras pessoas as quais não tenho como ajudar e que de alguma forma me afetam, Escola de Frankfurt, Análise Funcional, Administração de conflitos, Administração financeira, Interrupções no meio de um raciocínio que estava indo as mil maravilhas,Todas as ideias de assuntos relevantes e interessantes para o blog, Trilha sonora da Galinha Pintadinha simultaneamente ao "instrumental" do notebook de brinquedo, Dificuldade de concentração que me acompanha desde sempre, Faxina e demais serviços domesticos...

Tudo junto e misturado e temperado com uma boa dose de ansiedade, um bocado de excitação, com cobertura de felicidade. :)

Pois apesar de tudo isso que está rodando na minha cabeça, tudo isso me deixa muito feliz... feliz por ter minha pequena para cuidar e amar, feliz por estar adquirindo mais e mais conhecimento, feliz por ter tantas ideias boas que fica difícil escolher uma só.

Poderia estar estressada, irritada, mas escolho ver o lado bom de cada coisinha...

Agora vou reiniciar o sistema, deixar o cooler esfriar a CPU e quando voltar passar para uma outra tarefa que não exija tanto da máquina. Uma por vez já que o sistema operacional está em fase de atualização e não está com desempenho tal eficiente quanto de costume.

"Estamos em manutenção para melhor servi-las"


Cristine Cabral