terça-feira, 2 de outubro de 2012

Teoria ou Coração


Como psicóloga conheço diversas teorias, como profissional escolhi atuar com a Análise do Comportamento e como mãe ponho muito do meu conhecimento teórico em prática. O que me deixa bastante segura quanto aos resultados.

Mas e quem é só mãe? Que teoria seguir? Qual dos especialistas ouvir? Por que mesmo dentro da psicologia existem diversas abordagens e explicações sobre o desenvolvimento infantil. Me lembrei logo da uma frase que li recentemente no livro “Modernidade Líquida” de Bauman que hoje ... não se pode errar, também não pode saber se se está certo.” Acredito que ninguém mais do que uma mãe sofre com essa eterna dúvida.

Vou considerar neste contexto teoria como sendo algo que uma autoridade no assunto orienta a mãe a fazer e não trabalhos científicos, pesquisas ou coisas do gênero. Assim sendo toda e qualquer mãe ouve teorias sobre como educar seus filhos. No caso de sociedades ditas “primitivas” estes especialistas são os mais velhos.

Neste momento me veio à cabeça as mães de algumas tribos africanas que praticam a escarificação, que é uma forma de modificação corporal na qual são feitas feridas com profundidade suficiente para que fiquem cicatrizes. Quanto mais visível melhor. Quem tiver estomago, pode procurar imagens no Google, mas vou logo adiantando que não são nada agradáveis, principalmente as fotos de crianças.

Por que as mães permitem que seus filhos passem por esse sofrimento todo? Porque na cultura delas as cicatrizes significam orgulho da família, proteção contra a morte, força, coragem e até beleza. E qual a mãe que não quer tudo isso para seus filhos? (Mais em: http://tattoos.lovetoknow.com/Africa_Scarification_History)

Cabe a cada uma pensar se a fonte da sua teoria é confiável o suficiente. E no caso de discordância? Então tem-se que ter coragem para enfrentar tudo e todos. Como fez o irmão da índiazinha Hakani, que a tirou do buraco no qual a menina havia sido enterrada vida. Tal responsabilidade passou para o irmão de Hakani, após os pais terem se suicidado, pois não tiveram coragem de matar a menina como a teoria local afirmava que deveria ser feito, mas não tiveram coragem suficiente para enfrentar toda a tribo. (Mais em: http://www.hakani.org/pt/historia_hakani.asp)

Assim concluo que a tarefa de ser mãe é realmente muito especial, pois temos sempre que estar equilibrando os dois lados da balança na hora de tomar todas as decisões referentes à criação de nossos filhos. A nossa palavra de ordem aqui neste blog será sempre EQUILÍBRIO. Não estamos dizendo que é fácil, mas é extremamente NECESSÁRIO.

Em outra oportunidade falarei sobre essa eterna busca pela perfeição, impossível de ser alcançada, mas extremamente auto-cobrada por cada mãe. Não necessariamente na próxima terça-feira. Acompanhe-nos.

E você? Já precisou fazer alguma escolha muito difícil? Compartilhe sua história conosco.

Cristine Cabral

2 comentários:

  1. Sabe, Cristine, a nossa cultura ( que somos nós) através de seus discursos normativos, indica os modelos educativos disciplinares reguladores da vida. A ciência desdobrada na psicologia e pedagogia, por exemplo, são tecnicas práticas desse discurso. Eu diria que acredito numa terceira via, daquilo que a vida nos solicita; das eperiências que nos marcam com prazer e dor, como inscrições daquilo que experimentamos viver nas criações nossas de cada dia e que não cabe no controle estério de certeza e erro das teorias científicas.
    Gosto muito dessa citação de Deleuze: " (...) a vida ultrapassa os limites que o conhecimento lhe fixa, mas o pensamento ultrapassa os limites que a vida lhe fixa. O pensamento deixa de ser ‘ratio’, a vida deixa de ser uma ‘reação’. O pensador exprime assim a bela afinidade do pensamento e da vida: a vida faz do pensamento qualquer coisa de ativo, o pensamento faz da vida qualquer coisa de afirmativo."

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    1. Obrigada pela sua colocação.

      O que a Lorena colocou como uma 3ª via, é exatamente o que apenas mencionei como Equilíbrio, ou seja, o pensamento e a ação caminhando juntos e colaborando nos momentos de decisão.

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