terça-feira, 9 de outubro de 2012

Crianças Responsáveis


As crianças não fazem o que nós dizemos para elas fazerem. O primeiro método de aprendizagem é por meio da imitação. Em outras palavras: se quer que seu filho tenha um determinado comportamento, primeiro você é quem tem que fazer.

Como você acha que seu filho se sentiria se você comesse um hamburgão, com batatas fritas e refrigerante, enquanto exige que seu pequeno tome uma sopa de abobrinha? Se sempre que você vai arrumar a casa o faz se queixando, reclamando, xingando quem desarrumou, como acha que seu pequeno vai realizar tal tarefa quando for a vez dele?
Nadine no Brasil

Tanto eu quanto a Taciana, já postamos fotos das nossas pequenas realizando tarefas domésticas. E sempre apareceu a “piada” do “Isso é trabalho infantil!”

Nenhuma de nós 2 temos empregadas. Taciana por morar em Portugal, não é da cultura de lá. E eu por entender que essa mudança cultural já está às nossas portas, pois assim como na Europa e Estados Unidos, em breve empregada doméstica será um luxo, por ser uma prestação de serviço cada vez mais cara. Não a toa que sempre ouço queixas de como é difícil encontrar uma boa empregada, o perfil do nosso país está mudando (não vou desenvolver nenhuma análise sociológica educacional aqui, apenas é um fato.)

Assim sendo o fato de nossas pequenas quererem lavar louças, ou varrer casas não é nada mais que uma imitação do comportamento que elas vêm constantemente em casa. E se elas passam a ver isso como algo da rotina (como escovar os dentes) não será uma “obrigação” penosa e sim só mais uma tarefa que faz parte do dia a dia.

Claro que aos 2, 3 anos não colocamos as pequenas para assumir estas tarefas, mas se elas demonstram interesse e se oferecem para “ajudar”, permitimos, mesmo que isso nos “atrapalhe” um pouco, pois é mais fácil tirá-las do caminho e terminar logo o que estamos fazendo, já que sempre temos um monte de coisas para resolver. Porém se gastamos alguns minutos ensinando e permitindo que elas “ajudem” teremos várias consequências excelentes: desenvolvemos nelas o hábito dos cuidados domésticos, dentro de alguns anos ganharemos uma ajuda extra, fortalecemos o vínculo e a identificação mãe-filha. Com poucos minutos elas se cansam e vão procurar outra atividade, mas a experiência fica como algo natural e espontâneo.

Maria Eduarda em Portugal
OBS. Estou sempre falando em FILHA, porque é o nosso caso, ambas temos meninas, no entanto tudo aqui vale também para os MENINOS.

Então, qual a idade adequada para ensinar responsabilidade aos pequenos? Desde sempre... terminou de brincar, sempre tem que guardar os brinquedos. “Mas ele só tem 1 aninho... é tão pequeno...”

Você se lembra como foi que criou o hábito de tomar banho todos os dias? Não, né! Assim ele se sentirá com relação à organização dos brinquedos. Você toma banho por obrigação, ou por gostar da sensação de estar limpa? Assim também será com ele, que com o tempo gostará da sensação de estar em um ambiente organizado.

Cuidado com trocas artificiais, por exemplo: “Se você for tomar banho, te dou um sorvete.” Os comportamentos devem ter suas consequências naturais e que acompanhem a pessoa ao longo da vida. Ou você quer que sua nora tenha que oferecer um sorvete ao seu filho para que ela tenha um marido “limpinho” (risos)????

Nos comportamentais chamamos essas trocas artificiais de reforçamento arbitrário, posteriormente pretendo escrever sobre isso aqui também, para que entendam melhor. Mas por hoje a mensagem é: seja VOCÊ o que você deseja que seu filho seja. Quer ter um pequeno leitor, então leia com ele, quer que ele coma verduras, então coma com ele, quer que ele seja organizado, então arrume com ele, não quer que ele bata nos amiguinhos, então não bata nele... (outro tema para, outro texto ;-) )

Cristine Cabral

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