terça-feira, 30 de outubro de 2012

Seu filho não é seu!


“Como assim?! Claro que meu filho é meu!!!” Você deve estar pensando. A psicóloga pirou de vez!!! (risos)

O título tem mesmo a intenção de mexer e cutucar com as mãezinhas que nos visitam. Quando digo que ele não é seu, é que quero dizer que ele é DELE!

Claro que enquanto pequenos e sem entendimento dos perigos da vida cabe a nós, mães, resolver o que é o melhor para nossas crias. Mas e quando eles já passam a ter opinião própria? Muitas mães continuam planejando e pensando por seus filhos mesmo depois de que eles estão adultos e com suas próprias famílias. Se ele for do tipo rebelde vai viver em “pé de guerra” com a mãe. Se for obediente, poderá ter muitos problemas no casamento, caso a esposa pense diferente da sogra. Assim sendo, quando mais cedo entendemos que nossos pequenos são pessoas, indivíduos e passamos a tratá-los como tal, mais suave serão as mudanças, os momentos de crise que fazem parte do desenvolvimento (dele e seu).

Continuando o tema da terça-feira passada com relação aos meus sonhos e os sonhos que a Nadine ainda nem tem... se me policio para não colocar nela as MINHAS expectativas o que procuro fazer é criar oportunidades de contato com tudo que possa vir a ser interessante e que está ao alcance. Por exemplo: pretendo colocá-la para fazer natação ano que vem (mais por segurança que por qualquer outro motivo). Pode ser só mais uma diversão, ou quem sabe ela toma gosto? Assim como pode ser que tome gosto por balé, ou judô, ou caratê, ou piano, ou quaaaaaalquer outra coisa que quando estiver maior e souber dizer no que tem interesse.

O importante é ficar atenta à criança e não aos seus sonhos. Estimular é importante, mas também deve ser interessante para a criança, se não pode virar punição. Quando Nadine tinha mais ou menos 1 ano e descia com ela para brincar no pilotis do prédio comecei a ensinar as cores mostrando os carros dos estacionamento, mas ela não se interessou tanto pelas cores, mas mais pelas letras e números das placas. Isso quer dizer que ela tem mais tendencia para ser escritora que ser artista plástica??? Isso significa NADA!!!

Um dos sonhos que me dá mais orgulho é que ela possa vir a ser uma escritora (Meu sonho infantil de carreira frustrado (pelo menos por enquanto)), mas esse sonho é MEU, não DELA.

No entanto os modelos que cercam o mundo da criança podem ser fatores decisivos. Eu gosto muito de ler, de escrever, de trabalhar com gente, já o pai dela trabalha com tecnologia da informação, tem um skate em casa, mesmo que esteja “aposentado” da atividade. Os avós paternos são bastante religiosos e ativos em movimentos de evangelização, a avó materna é extrovertida e gosta de viagens e festas enquanto o avô materno é tímido, sensível e também gosta de escrever. A minha pequena tem um leque bem diferenciado e pretendo ampliá-lo sempre mais e mais.

Cristine Cabral

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sonhos de Mãe


“Eu não quero nada para a Nadine.” Quando eu digo isso, os julgadores de plantão, ou os que se contentam com poucas informações e emitem opiniões sem maiores aprofundamentos dizem logo: “Que mãe desnaturada, irresponsável!” 

E eu acho graça!!!

Veterinária
Bailarina
Eu não quero nada por que quem tem que querer é ELA!


Quem me conhece no mundo real (além do virtual) e está na minha lista de amigos do facebook tem acesso ao álbum “Que será que, quando crescer, Nadine vai ser?” no qual compartilho diversas fotos dela nas mais variadas situações, que me fazem lembrar alguma profissão ou alguma característica pessoal. Tem fotos dela com dias de nascida e até hoje sempre aparece uma nova situação. Na maioria das vezes em meio às brindeiras, ou observações dela.

Decoradora
 Acho muito divertido sonhar com um mundo de possibilidades que existem e que ela pode escolher. Mas não tenho um sonho preferido. Tipo: “Meu sonho é que ela seja médica, juíza, diplomata, etc, etc, etc. Sonho que ela seja FELIZ. O caminho cabe a ela escolher. E meu papel será estar ao lado para dar todo o auxilio, informação, suporte e tudo mais que estiver ao meu alcance para ajudá-la.

Então se ela quiser ser atleta, dançarina, artista plástica, não direi a ela que “Essas coisas não dão dinheiro.” Direi “Com essas coisas, precisa de mais tempo e mais dedicação até que se consiga ganhar dinheiro.”. Se ela quiser ter uma profissão mais formal estarei sempre disponível para apoiá-la nos momentos em que as coisas ficarem difíceis e ela tiver vontade de desistir do sonho dela... seja lá qual for.

Intelectual
Entendo que se uma pessoa faz algo por amor, certamente vai fazer muito mais bem feito do que quem faz por obrigação (ou só por dinheiro). E se faz bem feito, o reconhecimento é uma questão de tempo (que varia muuuuuuuuuito) e o sucesso profissional será uma consequência natural.

Claro que vou babar até a morte, me inflar de todo orgulho que uma mãe pode ter,  se um dia o reconhecimento que ela venha a receber seja uma medalha olímpica, um Grammy, um Oscar, ou um Nobel (de física, ou literatura, ou da paz). Mas desde que estes sejam apenas uma consequência de um trabalho bem feito e não um fim em si.

Assim como ficarei um tanto desapontada se ela escolher ser uma "Mulher Fruta" do Funk, ou uma Panicat (Assistente de palco de um programa chamado Pânico cujas moças têm como principal atributo exibir-se de biquines minúsculos e se exporem em situações vexatórias.). Mas como disse anteriormente, se essa for a escolha dela e ela acreditar realmente que será feliz, esterei ao lado para apoiá-la depois de conversarmos sobre todas as vantagens, desvantagens, possibilidades e consequências. Pode ter alguém que esteja pensando agora que esta conversa seria para que eu mude a cabeça dela. No entanto já tenho uma certa prática de entender o ponto de vista do outro (a profissão e a vida têm me ensinado isso). Entender não significa concordar, mas apenas respeitar. Por outro lado vou comentar, como me sentirei caso a escolha dela seja algo parecido, mas que isso não muda coisa alguma entre nós.

Ainda não é hora de pensar nisso, como o título diz... tudo isso são Sonhos de Mãe. 

Na próxima terça-feira vou falar de como estou atenta para o desenvolvimento da minha pequena.  Minha palavra de ordem não é estimular e sim oportunizar. 

Não perca!!! (risos)

Cristine Cabral

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Mãe de primeira viagem

A maternidade é algo que encanta e sempre encantará muitas pessoas o que vem a seguir a ela é que nem sempre é tão encantador. Costumo dizer que repetiria tudo para ter minha filha, mas que foi duro foi! Mudei e amadureci muito nos primeiros meses e apesar  de já ter 31 anos quando a Eduarda nasceu não tinha muita experiência com crianças.
Devem estar a se perguntar; mas afinal foi bom ou não foi? (risos). Sim foi! Hoje já consigo rir do primeiro mês com a Duda em casa ela chorava até 1h da manhã todos os dias até descobrirmos que o meu leite não estava sendo suficiente.
Como moro fora não pude contar com o suporte social da família, mas tive a Grande, Grande sorte de ter meus pais aqui comigo. Sou e serei eternamente grata pela presença deles.
Muitas mulheres se sentem inseguras com as mudanças do corpo, como o relacionamento com os maridos... com isso e aquilo e mais isso que nem conseguem curtir a gravidez. Acho que com tantas mudanças sociais a maternidade tem deixado de ser vista como algo que é "natural" para se tornar um "bichinho de sete cabeças". Mas como? Bem, antes dos filhos nascerem escuto pessoas antecipando todas as mudanças, todo o trabalho que vão ter, no sono que vão perder ...  que me pergunto, mas afinal querem ter filhos ou não??!
Percebem onde quero chegar!?! Acompanho alguns casos de negligência e violência contra a criança e cada vez mais penso...existem pessoas que deveriam ser proibidas de terem filhos. Sério!

Eu tive alguns problemas, os pontos da cesariana inflamaram, tive mastite e por isso só consegui amamentar a Duda até os 3 meses... contudo nada conseguiria superar o meu amor pela minha filha e alegria de ser mãe.
O tempo que tenho com ela e quando estou com ela não considero trabalho e sim responsabilidade, cuidado, eu quis ser mãe assumi esse compromisso e para mim o que faço para ela é natural. E sei que muitas pessoas também partilham desse pensamento, que bom!
Meu marido também meu deu muito apoio e recordo que foi ele quem deu o primeiro banho na Eduarda. Somamos imensa alegria e amor em nossas vidas.
E quanto as dúvidas com relação ao relacionamento do casal, claro que muda, mas essa mudança pode ser vista com maturidade e cumplicidade. Algumas mães deixam os maridos de "lado" para estar com o filho, uma dica é envolver o pai em algumas tarefas ou atividades diárias da criança.
Porque não a hora do casal? Durante a semana eu saía do curso e ia almoçar com o meu marido...
Apesar de não termos babá conseguimos ter as nossas horas e também adoramos estar com a nossa filha. Por diversas vezes tentei sair só com o Tino e ele dizia; "mas a Eduarda gosta tando de estar conosco". (risos).
Mamães de primeira viagem... não existe receita de bolo para o funcionamento de um casal... mas se houver amor e principalmente cumplicidade (diálogo) tudo fica mais fácil...

Saudações de terras lusas.

Taciana Ferreira



terça-feira, 16 de outubro de 2012

Punir, só, não resolve

Nós vivemos numa sociedade punitiva. Isso é um fato. Exemplo: a pessoa passa o ano inteiro chegando cedo, saindo depois da hora, mas se chega um dia, uma horinha atrasada (não importa o motivo) é chamada atenção, talvez até tenha algum desconto no salário.

Nosso trânsito (aqui em Fortaleza (CE), pelo menos) é um problema. Além das questões de planejamento, de investimento no transporte público, do consumismo, considero que deve ser levado em conta também a educação com base na punição. É incrível a quantidade de carros estacionados em local proibido. É como se todo mundo pensasse: “Se não tem ninguém pra me multar, então posso fazer.” O pensamento: “Será que estarei atrapalhando muita gente?” fica em segundo plano, ou nem ao menos é cogitado.

Essa é uma possível consequência de uma educação baseada na punição. A pessoa não aprende o certo e o errado, não pensa se vai ou não prejudicar alguém, só pensa se será capaz e como fará para escapar da punição.

A 1ª lembrança que tenho de que fiquei de castigo (provavelmente devo ter ficado várias vezes antes disso, mas esta é a minha primeira lembrança) foi ficar sem assistir TV. Nessa época minha mãe tinha um salão de beleza de “fundo de quintal” e era o lugar mais longe da TV. Achei ótimo ficar lá, ouvindo as conversas das clientes e manicures. E vi que ficar sem TV não era tão ruim assim.

A proporção que fui crescendo os castigos foram variando, mas sempre encontrava uma forma de me adaptar e acabava encontrando uma forma de me sentir bem. Os principais motivos dos meus castigos eram minhas constantes notas baixas (detalhe: reprovei a 7ª e também a 8ª séries do antigo 1º grau maior (é o novo!? (risos)) e o fato de nunca arrumar o quarto.

Imagino como deve ter sido frustrante para a minha mãe não conseguir com que eu fizesse o que ela queria. Sei que ela fez o melhor que sabia, afinal não fez uso das cordas, cintos e colheres de pau dos quais ela mesma foi vítima.

Antes que comece a gerar uma crise geral de culpa (principalmente na D. Marizete, (risos)). Uma coisa deve ficar bem clara. A consequência da punição tem mais a ver com os pensamentos e sentimentos de cada filho do que na escolha do castigo a ser aplicado.

Serei mais clara: o fato de conseguir me adaptar às situações adversas desenvolveu em mim, o que nós comportamentais, chamamos de variabilidade comportamental. Ou seja, consigo encontrar outro caminho para conseguir o que quero, ou consigo mudar de foco (encontro reforçadores equivalentes) muito facilmente. Por mais “terrível” que pareça a situação, logo encontro uma ótima saída.

Então: o que minha mãe fez acabou fazendo com que eu desenvolvesse uma característica muito mais útil e satisfatória para minha vida como um todo. O gosto pelos estudos acabei desenvolvendo naturalmente quando cheguei na Psicologia e vi assuntos que realmente me interessavam. Quanto ao quarto, é bagunçado até hoje. Mas quem liga? (risos)

No entanto, tudo isso é como EU lidei. Certamente meus irmãos tiveram sentimentos e pensamentos bem diferentes dos meus, ou não (?). Mas acredito que sim, já que as escolhas e os gostos de ambos são diferentes na maioria das vezes.

Mas e então? Se não é pra por de castigo, se não pode dar palmada, o que eu faço agora?????

Dê atenção ao CERTO!!!

Quando seu filho fizer qualquer coisa que ele se orgulhar e que vier lhe mostrar, esteja disponível para um lindo elogio. Nada mais frustrante que chegar para mostrar um 10 em matemática e ouvir um: “Você não fez mais que a sua obrigação”. Quando os irmãos, que vivem em pé de guerra, estiverem brincando juntos, pare o que está fazendo e vá até lá dar um beijo em cada um e diga como você fica feliz em ver os irmãos unidos.

Não é por que a nossa sociedade é punitiva, que isso deva ser perpetuado. Nossa sociedade acaba que valoriza muito o erro, enquanto o acerto “não é mais que a sua obrigação”.

Quem não gosta de elogio? Quem não erra? Alguém aqui conseguiu andar, sem cair, aprendeu a escrever sem usar a borracha? O erro faz parte da aprendizagem. E não deve ser carregado de culpa e sim corrigido para que não se repita... quantas vezes forem necessárias. E sim, algumas vezes a punição poderá ser usada, dependendo do caso. Porém deve ser a exceção e não a regra.

Que "mundo" você está carregando?
Já errei muito e ainda vou errar, inclusive no papel de mãe, mas todas nós mães (e pais também) temos que colocar na cabeça que ninguém é 100% responsável pela felicidade ou infelicidade dos filhos... isso depende mais dos sentimentos e escolhas de cada um deles.

Então mãezinhas, que tal dar umas férias à culpa? Que tal treinar o seu olhar para as coisas boas? Não só as que seu filho faz, mas também as que VOCÊ faz, o maridinho faz e seja lá quem mais está do seu lado faz.

Se não gostou, se viu algo errado, fique a vontade para fazer suas colocações. E se gostou do texto, que tal um elogio, ãh? (risos)

Cristine Cabral

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Você brinca com o seu filho?

Esta semana quando fiz esta pergunta a um pai ele respondeu que o filho já brincava na creche... De fato as crianças brincam muito na creche, mas percebi que este pai não respondeu assim por descuido ou indiferença para com o filho, apenas achava que já era suficiente brincar na creche.
Daí eu optar por falar sobre o fabuloso mundo infantil das brincadeiras e também enfatizar a importância dos pais brincarem com os filhos.
Durante a semana a correria é grande e geralmente quando chegamos em casa estamos cansados e "cheios" do dia. Por outro lado as crianças estão cheias de energia têm com vontade de dominar o mundo... mas o que elas querem principalmente  é a atenção dos pais e fazem tudo para obtê-la. Nesta "guerra" por atenção muitas vezes acabam com o pouquinho de paciência que resta dos pais...
Vendo por outro lado não é difícil resolver este problema, como já é nosso lema, apelo ao equilíbrio.
Estabelecer uma rotina diária da família é o primeiro passo e cumprir é o segundo (risos). Devem estar a se perguntar..e ainda vai restar tempo para brincar? Sim, o importante não é a quantidade tempo e sim a qualidade do momento da brincadeira.
15 minutos podem fazer a diferença, mas como? Quando os pais direcionam a atenção para a criança fazem com que ela perceba que é importante e isto contribui  para criar uma relação próxima fortalecendo os laços afetivos entre os membros da família. E mais contribui para que o vou chamar de reserva de memórias positivas.
Nossos comportamentos são muitas vezes mais que palavras e para as crianças principalmente. Onde quero chegar... é preciso sentir prazer em brincar com o seu filho, e não fazer isto por obrigação. Desfrute desse momento sorria, solte-se e descontraia. Quem não sente prazer em ver o filho sorrindo? Eu sinto meu coração sorrindo (risos) e só de lembrar da carinha dela toda contente pela atenção dada ainda faz com que eu me sinta melhor ainda.
Quanta ao brincar permita que a criança escolha a brincadeira. Observe e participe de modo construtivo, como assim? Não vale competir com a criança para ganhar sempre dela, pois é fácil um adulto ganhar de uma criança nos jogos... Um exemplo: Construir algo com os blocos...ajude a criança a montar e não faça o seu super mega interessante. Se isto acontecer é provável que o seu filho pare de fazer o dele para ver o seu... (risos)... e em vez de participar da brincadeira ele vira espectador.
Porém, quando for um jogo no qual há necessariamente um ganhador, não a deixe ganhar sempre, pois vivenciar a frustração é importantíssimo para o desenvolvimento emocional.
Aproveite para estimular os sentimentos de auto-estima e competência deles.
"Existem estudos que mostram que as crianças tendem a ser mais criativas e desenvolvem menos problemas de comportamento quando os pais brincaram com elas, em pequenas, ao "faz-de-conta". (Os anos Incríveis; Stratton, 2011).

No livro, "Os anos Incríveis" a autora explora alguns tópicos sobre como brincar com o seu filho tais como:

- Evite lutas de poder;
- Elogie e encoraje as ideias e a criatividade do seu filho;
- Encoraje o desenvolvimento emocional da crianças através da fantasia e do "faz-de-conta";
- Aprecie e elogie o que o seu filho faz;
- Comente e descreva as ações do seu filho;
- Ensine o seu filho a brincar com outras crianças;
- Encoraje-o a resolver os seus problemas sozinho;
- Dê atenção à criança enquanto ela brinca.





Por fim...repito, o mais importante é a qualidade e não a quantidade. Lembranças positivas na infância são sempre bem vindas...sim?

SORRIA e partilhe os seus sentimentos de alegria, os filhos "agradecem", nós também... :) 

Saudações de terras lusas! Um bom fim-de-semana a todos.

Taciana Ferreira





terça-feira, 9 de outubro de 2012

Crianças Responsáveis


As crianças não fazem o que nós dizemos para elas fazerem. O primeiro método de aprendizagem é por meio da imitação. Em outras palavras: se quer que seu filho tenha um determinado comportamento, primeiro você é quem tem que fazer.

Como você acha que seu filho se sentiria se você comesse um hamburgão, com batatas fritas e refrigerante, enquanto exige que seu pequeno tome uma sopa de abobrinha? Se sempre que você vai arrumar a casa o faz se queixando, reclamando, xingando quem desarrumou, como acha que seu pequeno vai realizar tal tarefa quando for a vez dele?
Nadine no Brasil

Tanto eu quanto a Taciana, já postamos fotos das nossas pequenas realizando tarefas domésticas. E sempre apareceu a “piada” do “Isso é trabalho infantil!”

Nenhuma de nós 2 temos empregadas. Taciana por morar em Portugal, não é da cultura de lá. E eu por entender que essa mudança cultural já está às nossas portas, pois assim como na Europa e Estados Unidos, em breve empregada doméstica será um luxo, por ser uma prestação de serviço cada vez mais cara. Não a toa que sempre ouço queixas de como é difícil encontrar uma boa empregada, o perfil do nosso país está mudando (não vou desenvolver nenhuma análise sociológica educacional aqui, apenas é um fato.)

Assim sendo o fato de nossas pequenas quererem lavar louças, ou varrer casas não é nada mais que uma imitação do comportamento que elas vêm constantemente em casa. E se elas passam a ver isso como algo da rotina (como escovar os dentes) não será uma “obrigação” penosa e sim só mais uma tarefa que faz parte do dia a dia.

Claro que aos 2, 3 anos não colocamos as pequenas para assumir estas tarefas, mas se elas demonstram interesse e se oferecem para “ajudar”, permitimos, mesmo que isso nos “atrapalhe” um pouco, pois é mais fácil tirá-las do caminho e terminar logo o que estamos fazendo, já que sempre temos um monte de coisas para resolver. Porém se gastamos alguns minutos ensinando e permitindo que elas “ajudem” teremos várias consequências excelentes: desenvolvemos nelas o hábito dos cuidados domésticos, dentro de alguns anos ganharemos uma ajuda extra, fortalecemos o vínculo e a identificação mãe-filha. Com poucos minutos elas se cansam e vão procurar outra atividade, mas a experiência fica como algo natural e espontâneo.

Maria Eduarda em Portugal
OBS. Estou sempre falando em FILHA, porque é o nosso caso, ambas temos meninas, no entanto tudo aqui vale também para os MENINOS.

Então, qual a idade adequada para ensinar responsabilidade aos pequenos? Desde sempre... terminou de brincar, sempre tem que guardar os brinquedos. “Mas ele só tem 1 aninho... é tão pequeno...”

Você se lembra como foi que criou o hábito de tomar banho todos os dias? Não, né! Assim ele se sentirá com relação à organização dos brinquedos. Você toma banho por obrigação, ou por gostar da sensação de estar limpa? Assim também será com ele, que com o tempo gostará da sensação de estar em um ambiente organizado.

Cuidado com trocas artificiais, por exemplo: “Se você for tomar banho, te dou um sorvete.” Os comportamentos devem ter suas consequências naturais e que acompanhem a pessoa ao longo da vida. Ou você quer que sua nora tenha que oferecer um sorvete ao seu filho para que ela tenha um marido “limpinho” (risos)????

Nos comportamentais chamamos essas trocas artificiais de reforçamento arbitrário, posteriormente pretendo escrever sobre isso aqui também, para que entendam melhor. Mas por hoje a mensagem é: seja VOCÊ o que você deseja que seu filho seja. Quer ter um pequeno leitor, então leia com ele, quer que ele coma verduras, então coma com ele, quer que ele seja organizado, então arrume com ele, não quer que ele bata nos amiguinhos, então não bata nele... (outro tema para, outro texto ;-) )

Cristine Cabral

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Consulta psicológica x Pais

Tenho recebido alguns pedidos de ajuda para crianças de 2 e 3 anos com problemas de comportamento na creche. 
As queixas são: Uma criança que chora a manhã inteira, outra que morde tudo e uma que  não quer se alimentar... 
Considero cada caso com crianças um desafio, porque? O sucesso do acompanhamento não depende só do Psicólogo... envolve a escola, os educadores e principalmente os pais. O pedido de ajuda é feito geralmente pelas educadoras e antes de chamar os pais observo as crianças em sala. Geralmente os pais são receptivos e demonstram vontade em resolver o problema.
A questão é que promover melhorias e bem estar implicam em mudanças de comportamento. E é aqui onde quero chegar... nem sempre os pais estão preparados para isto e acham que é dever e obrigação da Psicóloga resolver o problema dos filhos...

Quando isso acontece e acredito que todos os colegas concordam comigo...temos um caso que caminha para o fracasso. Como dizia um professor de consulta, " Estamos a gastar saliva e não vai resultar".
Ou seja, costumo ser franca com os pais e explico que temos um trabalho em conjunto e que o papel deles é tão importante como o meu. Mais claro do que isso e melhor!?!? Acompanhar as melhorias e contribuir para o bem estar das crianças.

É fácil esclarecer esta questão pondo a situação de outra maneira. Será  que uma hora por semana da criança com uma terapeuta é o suficiente para resolver todos os problemas de uma família inteira? Isso resolve com adultos que já tem capacidade cognitiva suficiente para perceber suas angústias, transmitir o que sente em palavras e inteligência para aceitar o que o terapeuta dá como retorno.

Com a criança é tudo bem diferente. Uma criança não acha que tem um problema a ser resolvido, tal como; "Sim. Quando eu quero alguma coisa faço um escândalo, esperneio, bato, mordo e no final alguém sempre me dá o que eu quero." 
Claro que uma criança não tem consciência disso, ela só se utiliza de estratégias que sabe que funciona e que traz o resultado que ela espera.

Assim sendo, uma terapia infantil exige bastante de uma psicóloga, mas exige tanto, ou mais dos responsáveis.

Texto de hoje escrito a 4 mãos e a distância ;)

 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Teoria ou Coração


Como psicóloga conheço diversas teorias, como profissional escolhi atuar com a Análise do Comportamento e como mãe ponho muito do meu conhecimento teórico em prática. O que me deixa bastante segura quanto aos resultados.

Mas e quem é só mãe? Que teoria seguir? Qual dos especialistas ouvir? Por que mesmo dentro da psicologia existem diversas abordagens e explicações sobre o desenvolvimento infantil. Me lembrei logo da uma frase que li recentemente no livro “Modernidade Líquida” de Bauman que hoje ... não se pode errar, também não pode saber se se está certo.” Acredito que ninguém mais do que uma mãe sofre com essa eterna dúvida.

Vou considerar neste contexto teoria como sendo algo que uma autoridade no assunto orienta a mãe a fazer e não trabalhos científicos, pesquisas ou coisas do gênero. Assim sendo toda e qualquer mãe ouve teorias sobre como educar seus filhos. No caso de sociedades ditas “primitivas” estes especialistas são os mais velhos.

Neste momento me veio à cabeça as mães de algumas tribos africanas que praticam a escarificação, que é uma forma de modificação corporal na qual são feitas feridas com profundidade suficiente para que fiquem cicatrizes. Quanto mais visível melhor. Quem tiver estomago, pode procurar imagens no Google, mas vou logo adiantando que não são nada agradáveis, principalmente as fotos de crianças.

Por que as mães permitem que seus filhos passem por esse sofrimento todo? Porque na cultura delas as cicatrizes significam orgulho da família, proteção contra a morte, força, coragem e até beleza. E qual a mãe que não quer tudo isso para seus filhos? (Mais em: http://tattoos.lovetoknow.com/Africa_Scarification_History)

Cabe a cada uma pensar se a fonte da sua teoria é confiável o suficiente. E no caso de discordância? Então tem-se que ter coragem para enfrentar tudo e todos. Como fez o irmão da índiazinha Hakani, que a tirou do buraco no qual a menina havia sido enterrada vida. Tal responsabilidade passou para o irmão de Hakani, após os pais terem se suicidado, pois não tiveram coragem de matar a menina como a teoria local afirmava que deveria ser feito, mas não tiveram coragem suficiente para enfrentar toda a tribo. (Mais em: http://www.hakani.org/pt/historia_hakani.asp)

Assim concluo que a tarefa de ser mãe é realmente muito especial, pois temos sempre que estar equilibrando os dois lados da balança na hora de tomar todas as decisões referentes à criação de nossos filhos. A nossa palavra de ordem aqui neste blog será sempre EQUILÍBRIO. Não estamos dizendo que é fácil, mas é extremamente NECESSÁRIO.

Em outra oportunidade falarei sobre essa eterna busca pela perfeição, impossível de ser alcançada, mas extremamente auto-cobrada por cada mãe. Não necessariamente na próxima terça-feira. Acompanhe-nos.

E você? Já precisou fazer alguma escolha muito difícil? Compartilhe sua história conosco.

Cristine Cabral